segunda-feira, 11 de maio de 2015

revelações dominicais


Para o homem as questões existenciais sempre serão menos complicadas de se resolver. Para as mulheres, entrar numa fase balzaquiana aciona um alarme que pisca em letras garrafais: “você vai ficar pra titia”; e toda essa babaquice que atormenta as mulheres que chegaram aos inta. No almoço de Dia das Mães me deparei com uma discussão à mesa sobre sexualidade. E não é que descobri que minha família pensa que sou uma homossexual convicta? Não ao estilo mulher macho, mas aquela mulher que não quer saber de relações duradouras, que não tem paciência para homens coxinhas, bem arrumados, sem pêlos na cara, vestindo camisas e usando sapatênis. E para consolidar o pensamento de mãe e tias: Suzana não pensa em casar e ter filhos. Sim. Para os moldes família, tradição e prosperidade, eu sou um caso perdido. Uma mulher com 32 anos de idade, que trabalha em casa, paga aluguel, lê um livro por mês, não usa salto alto, pouca maquiagem, adora cerveja importada, curte futebol, joga videogame, tem meia dúzia de pintos amigos e aversão/ódio de qualquer resquício de redes sociais que ditam o ritmo diário da vida na comunidade virtual. Pois bem. Aos olhos de minhas titias, primas e mãe, a Suzana é uma sapatona moderna. Nunca apresentou um gajo para a família. Nunca sofreu por amor. Nunca pegou um bebê no colo. Nunca vestiu um longo para festejar o casamento de uma amiga. E por falar em amigas... minha mãe, dona de uma sinceridade de fel, falou em alto e bom tom: Você chegou a transar com alguma amiga sua na minha casa? Cric-cric. Som de grilos. Não, mãe, isso nunca aconteceu. Já com amigos...


Essa visão um tanto machista não é exclusividade da minha família. Outras tantas estão espalhadas pelo mundo compartilhando a mesma noção de mulher padrão que nasceu para procriar e cuidar da casa. Quando você, mulher, tem uma certa inteligência, independência financeira e não segue os padrões barbies contemporâneos, certamente, será rotulada como um ser estranho que não se encaixa nos conceitos cartesianos da sociedade. A velocidade que você é julgada por ter uma atitude ou opinião diferentes da maioria é impressionante. Ninguém pode declarar que é melhor que alguém. Mesmo que você seja um executivo de sucesso ou um atleta de alta performance. Imagine se o ligeirinho do Usain Bolt usasse seu twitter para afirmar que ninguém consegue superá-lo, que não existe ser humano na face da Terra capaz de correr mais rápido que ele. Danou-se, né? O cara já não seria o atleta boa praça, o ídolo maior do atletismo, o super homem das pistas. De bom moço, ele passaria a arrogante. Tão rápido quanto seus recordes pelo mundo. Assim é a sociedade enfadonha que vivemos. Você pode ser um fenômeno, uma lenda, um super, um imbatível... mas nunca, me hipótese alguma, você poderá dizer isso com suas próprias palavras. Porque muitas pessoas no mundo vão se sentir diminuídas. É a velha história que Tarantino exemplificou no filme Kill Bill: “...o superman se veste de gente comum pra se parecer tão ordinário quanto a raça humana...” O mundo tá ficando muito chato, quadrado e repleto de pessoas intolerantes e incomodadas com o sucesso do outro. Continuarei sendo a mesma até que o destino pregue alguma peça. Até lá serei a sapatona descolada dos almoços dominicais. E foda-se.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

esquecimento...

Ontem eu acordei tarde
Esqueci que era hoje
Tenho muita coisa pra fazer
Mas nenhuma vontade de fazer nada
Não sei por que sou assim

Faz muito tempo que só quero dormir
O sono já não é mais o mesmo
E preciso de comprimidos pra me ajudar
Não lembro mais o dia que adormeci sem a ajuda deles
Parceiros notívagos que velam pela tranquilidade

Sei não
Dizem que faz mal
Mas pra mim tá ok
Mantém meu cérebro funcionando
Em slow

Do jeito que tem que ser

Perdi a hora

Já é amanhã

sábado, 14 de julho de 2012

A PEDRA NUNCA VAI DEIXAR DE ROLAR

A Rainha de Maio vaga à procura da escada.
Ela chegou carregada pelo Homem de Ferro.
Era um Sábado... bem negro.
"Deixe estar", ela disse.
"Vamos passar a noite juntos", ele disse.
(...)
E aqueles símbolos, o que significam?
O lado negro da lua iluminou a viagem.
O submarino já não metia mais medo.
Voava. Voava. Voava.
(...)
Lucy, cadê você?
Acenda meu fogo.
Eu sou o homem-nada.
Eu sou o grande lagarto.
(...)
Mãe...
Quem foi que clareou o céu?
Por quem os sinos tocam?
Você tem medo do escuro?
(...)
Deus...
Ela escalou o muro.
E subiu as escadas.
Será que vai encontrar Ícaro?
(...)
E agora você faz o que eles te disseram.



quinta-feira, 12 de julho de 2012

11%

Tarde.
Até mesmo a madrugada boceja.
Passa Glee na tevê.
(Entendeu o bocejo da madrugada?)
O laptop acusa 11% de bateria.
Dá tempo do quê?
(...)
Zzzzzzzzzzzz...
(...)
Ei!
Ele já tá batendo na porta?
(...)
O sono não é justo.
Os sonhos banais.
(...)
Queria ser normal.
Do tipo que ouve o silêncio.


Zzzzzzzzzzzzzzz...

M x H

Dizem que só se pensa "naquilo".
Mas eu ainda não entendi o que é "naquilo".
Dinheiro. 
Felicidade. 
Poder.
Sei.
Tô parecendo idiota.
Não ingênuo.
Idiota mesmo.
A primeira coisa que você pensou foi naquilo mesmo.
Mas por que eu não pensei?
Deve ser a tal da voz que não para de blá, blá, blá.
Não existe espaço pra silêncio.
Seria um luxo.
(...)
Elas pensam de formas diferentes.
São diversas curvas de raciocínio.
Eles já são mais objetivos, diretos, retos.
Sim.
Deve ser por isso que elas são curvilíneas.
E eles retilíneos.
Quando se pensa naquilo...
Então é uma reta ou uma curva?

A...

Não.
Não sei o que é.
Não sei o que dizer.
Não sei como explicar.
É como se você ouvisse uma voz.
O dia todo.
Nunca se cala.
Quando a gente dorme.
Quando a gente sonha.
Será que também quando a gente morre?